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8 - SIMÃO, O EX-LEPROSO
8 - SIMÃO, O EX-LEPROSO

"Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”. Estendendo a mão, Jesus tocou nele e disse: 'Quero, fica purificado'. E imediatamente a lepra desapareceu" (Lc 5,12b-13).

Meu nome é Simão. Em minha juventude, infectei-me pela lepra; por esse motivo, todos se afastavam de mim e me renegavam. Esse era meu sofrimento, até o dia em que fui tocado por Jesus.

Após a manifestação da doença, meus parentes ficaram com medo do contágio e me expulsaram de casa. Quando me encontravam pelo caminho, aqueles que haviam sido meus amigos desviavam a cabeça para outro lado, pois um simples aperto de mão poderia transmitir-lhes a doença.

Todos temiam a lepra, pois a doença se espalhava pela carne humana como as trepadeiras nas paredes, devorando o corpo até convertê-lo em uma grande chaga. Além disso, pelo grave perigo do contágio, a lei mandava que os doentes fossem afastados de suas famílias e da comunidade, e não podiam se aproximar de nenhuma pessoa sadia.

Ainda de acordo com as leis, qualquer doença dermatológica (erupções, equimoses, manchas esbranquiçadas, caroços, entre outras) era diagnosticada como lepra (cf. Lv 13). A pessoa considerada leprosa deveria ser afastada do convívio social e viver isolada em grutas mais úmidas que as que abrigavam os animais. Isso ocorria porque o hanseniano era visto como alguém atingido por um castigo de Deus e pela morte, que podia contagiar os outros (cf. Lv 13,45-46). Em resumo, era um marginalizado, um excluído.

Se, de modo desprevenido, alguém viesse em minha direção, eu deveria gritar que era impuro. Nessas ocasiões, as pessoas apressavam-se em mudar de caminho, para não serem contaminadas.

Por tudo isso, não tinha coragem de me aproximar das pessoas. Quando soube que Jesus e seus discípulos se dirigiam à minha aldeia natal e, no trajeto, passariam pelo lugar onde estava escondido, vi nele minha oportunidade de salvação, pois sua fama havia chegado a meus ouvidos.

Saí correndo de meu esconderijo, pois não podia mais ficar ali, e prostrei-me de joelhos a certa distância com o rosto na terra.

Nesse momento, o grupo parou. Quando perceberam que eu era doente, os discípulos que acompanhavam Jesus fizeram um grande círculo, para evitar minha aproximação. Tremendo e chorando, eu supliquei a Jesus:

- Senhor, se quiser, pode tornar-me limpo.

Por um instante, pensei que Jesus fosse se afastar de mim. No entanto, ele era diferente. Não temia a morte, pois era a vida. Senti isso quando chegou bem mais perto. Só então levantei lentamente os olhos, encarando os seus. Não tive coragem de tocá-lo, porque sabia que todos evitavam se aproximar de mim. Disse-lhe  novamente:

- Senhor, salve-me. Eu lhe suplico!

De modo diferente das outras pessoas, ele não se afastou nem desviou a cabeça para evitar meu olhar e o mau cheiro exalado por minhas feridas. Após estender a mão pura para mim, impuro, disse:

- Quero. Fique curado!

Com seu toque de amor, fiquei imediatamente curado. Senti que o sangue circulava nas veias com renovado vigor. Então percebi que minhas chagas iam se fechando. De suas mãos, saíam uma forte energia, um calor, uma força milagrosa, superior a todos os remédios que eu havia tomado.

Ao curar-me, além de me devolver a saúde, deu-me nova vida, com o direito renovado de participar da comunhão social. Queria gritar, chamar as pessoas para que fossem testemunhas daquele milagre. Mas ele pediu que eu ficasse em silêncio, dizendo:

- Não diga nada a ninguém. Vá até o sacerdote e ofereça por sua cura o que foi prescrito por Moisés (cf. Lv 14,2-32).

Sendo assim, fui me apresentar ao sacerdote. A princípio, ele não queria acreditar na minha cura milagrosa. Por fim, foi obrigado a se convencer de que eu havia sarado. Fiz a oferenda e voltei para casa.

Ao verem-me completamente curado, todos ficaram muito admirados. Mesmo impedido de divulgar o milagre de Jesus em minha vida, minha alma gritava em agradecimento, e eu rezava sem cessar.