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5- João Batista
5- João Batista

Sou João Batista, filho de Zacarias e Isabel. Desde a infância, sempre vivi com muita simplicidade, sem nenhuma ostenta­ção. Levava uma vida de eremita: vestia túnica de pele de camelo, cumpria com fidelidade meus votos de nazir (ou seja, não bebia vinho nem cortava os cabelos) e alimentava-me de mel silvestre e de gafanhotos comestíveis da região, que eram secos ao sol (os longos cabelos de João Batista eram um costume entre os que se comprometiam a um serviço total a Deus (cf. Jz 13,5; 1Sm 1,11).

 Ao completar 30 anos, Deus revelou que minha missão era semelhante à de Elias, o grande profeta da Antiguidade raptado em um carro de fogo, cujo retorno era esperado por todos. Pela semelhança existente entre mim e ele, muitos acreditavam que eu fosse Elias. Porém, eu respondia que era apenas uma voz no deserto, que gritava: "Preparai a estrada para o Senhor. Endireitai as curvas, enchei os vales e aplainai as colinas" (cf. Lc 3,4).

 É necessário ressaltar que, na Palestina, não havia estradas re­tas, bonitas e planas, como as construídas pelos romanos. Traçadas pelos pés dos animais, as trilhas subiam e desciam perigosamente, tão, quem seria aquele grande Senhor que estava para chegar?

 Ao longo de sua história, o povo de Israel esperou que Deus lhe enviasse um profeta que falasse e agisse em nome dos pobres; um libertador que lhe trouxesse paz duradoura e definitiva e um mes­sias-rei poderoso que faria de Israel uma grande nação, expulsando os ­romanos. No entanto, após quase setenta anos de domínio o Império Romano, o povo sofrido e sem esperanças passou a ver m um grande profeta, o Salvador esperado. Mas eu lhe dizia 30 era o Messias. Na verdade, embora também esperasse por mais podia imaginar que o acolheria na fila dos batizados.

 Na ocasião, eu batizava em Betabara de Peréia, ao sul da antiga de Jericó, perto do Mar Morto. De repente, ele se aproximou de mim. Assim, as cerimônias foram suspensas por um momento. Enquanto o saudava, perguntei-lhe, com voz trêmula:

 - Mas por que entrou na água? Para saudar-me?

 - Vim para receber o batismo - Jesus respondeu.

 Então repliquei:

 - Mas sou eu que tenho a necessidade de ser batizado por você. Por que veio até mim?

 - Nesse momento, ele murmurou:

 - Por hora, deixe tudo como está, pois é assim que devemos cumprir toda a justiça (cf. Mt 3,15).

 Após ouvir suas palavras, eu estava emocionado e confuso. Sem demora, preparei-me para batizá-lo; ainda trêmulo, levantei a mão em forma de concha com a qual recolhia a água e molhei a testa de Jesus, batizando-o como fazia com os demais.

 Naquele instante, uma grande mudança se operou em seu semblante. Em silêncio, Jesus saiu da água, tomou o bastão e se pôs a andar na direção do deserto de Judá, ao sul do rio Jordão. Lá, nas imediações do Mar Morto, entre as colinas nuas e sem vida, onde o silêncio era quebrado somente pelo uivo lamentoso dos chacais e pelos chiados das aves de rapina, ele passou quarenta dias em jejum. Nesse tempo, nenhum homem o viu novamente (cf. Lc 4,1-3).