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24 - A FORMAÇAO DO NOVO TESTAMENTO
24 - A FORMAÇAO DO NOVO TESTAMENTO

O MUNDO DO NOVO TESTAMENTO

 

Jesus viveu em Israel, terra de muitas memórias e muitos nomes. Antigamente essa terra se chamava Canaã e era habitada por cananeus. O nome Israel, foi atribuído pelas tribos que se formaram na região. Mais tarde, com a morte de Salomão e consequentemente divisão do reino, Israel designaria a região norte como reino do norte, e o reino do sul receberia o nome de Judá.  

 

No tempo de Jesus e das primeiras comunidades, Israel recebeu o nome de Palestina, conhecida também como terra santa ou terra prometida. A extensão territorial dessa terra é de aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados em média, com 240 de comprimento por 85 de largura. Uma área pequena, que não chega à metade do estado do Rio de Janeiro ou Sergipe, o menor Estado brasileiro.   

 

A população era relativamente densa, com cerca de 600 mil habitantes distribuídos em três regiões. Ao sul a Judeia, região montanhosa, onde se criavam ovelhas e cabras, e se cultivava oliveira; aí está a capital Jerusalém, cidade de 25 a 30 mil habitantes que nas grandes festas chegava a receber 180 mil peregrinos. Ao norte a Galileia, com terras férteis para a agricultura dos galileus, gente que os judeus do sul tratavam como ignorante; aí Jesus viveu a maior parte da vida.   

 

Nessa região se cultivavam cereais, como trigo, centeio, cevada, vinhedos, olivais, legumes; frutas, como figos, tâmaras e romãs. Também se criava gado de grande porte, bois e jumentos. Entre a Galileia e a Judeia está a Samaria, onde viviam os samaritanos, que os judeus, sobretudo do sul, consideravam impuros, pois se julgava que eles se haviam misturado com outros povos, assimilando as tradições culturais e religiosas deles.   

 

Entre outras atividades que garantiam a sobrevivência da população, estava a pesca, bastante comum, pois o peixe era mais importante do que a carne. Praticava-se no mar Mediterrâneo, no lago de Genesaré e no rio Jordão. Os pescadores eram bem organizados e possuíam até indústria de salgar peixes. Havia também o artesanato, que se desenvolvia tanto nas aldeias quanto nas cidades. Os artesãos trabalhavam ferro, bronze, pedra, madeira, argila, lã e couro. Os fabricantes vendiam suas mercadorias diretamente aos fregueses. Em Jerusalém, o artesanato se destinava sobretudo ao Templo.   

 

Os trabalhadores do campo e artesãos formavam a grande classe trabalhadora em Israel. As técnicas eram bastante rudimentares, e o trabalho manual era valorizado, diferentemente da mentalidade grega, que o desprezava. Os trabalhadores geralmente passavam a profissão de pai para filho e se organizavam em associações. E como todos deviam ter uma profissão, havia doutores da Lei com profissões de padeiro, curtidor, fabricante de sandálias, arquiteto, alfaiate. Também os médicos eram considerados artesãos.

   

Já o comércio se concentrava nas cidades, exercido pelos grandes proprietários de terra. Nas aldeias o comércio era menor, utilizando-se quase sempre o sistema de troca. Para pagamento usavam-se vários tipos de moedas. Nas feiras e mercados locais, os fiscais examinavam pesos e medidas. Em Jerusalém se encontravam os grandes mercados, onde se comercializava de tudo. Importavam-se produtos como bronze, aromas e pedras preciosas, trigo e madeira, e se exportavam frutas, cereais, bálsamo e óleo.  

 

Sobre essa terra, com tantos grupos e atividades, e por ser um importante corredor comercial entre o Oriente e o Ocidente, Israel sempre foi alvo de disputa entre os grandes centros políticos. Em 63 a. C. Pompeu, general do exército romano, concretizou as ambições do então imperador Júlio César, integrando Jerusalém e a Judéia ao seu domínio, impondo assim um novo domínio sobre a região.   

 

Jerusalém tinha se tornado um ponto estratégico de suma importância no Oriente Próximo para quem desejasse controlar não só a região, mas também as vias de comunicação entre o Ocidente e o Oriente, e entre a Europa e a África. Para a geografia da época, isso significava controlar o norte e o sul, o leste e o oeste. Os romanos sabiam que os judeus eram muito zelosos, defensores das tradições culturais e religiosas de sua terra. Sabiam também que os judeus estavam espalhados por todas as regiões já conquistadas, onde mantinham forte o ideal de unidade em torno da Lei. Foi exatamente por causa da defesa de sua religião que os Macabeus haviam pedido ajuda a Roma, contra a tirania dos Selêucidas, extremamente intolerantes quanto à religião judaica. Essa característica dos judeus tornava-os uma nação peculiar comparada às outras conquistadas. Uma oposição aberta em relação aos judeus poderia pôr a perder os planos romanos para controlar a região. Por isso, Pompeu não transformou imediatamente a Judéia numa província romana, como tinha acontecido com os outros povos conquistados. O controle romano se deu por meio das nomeações para os cargos importantes na Judéia, especialmente o cargo de sumo sacerdote.  

 

E assim, o temível poder romano se implanta com a força de suas legiões (destacamento militar) prontas para agir diante de qualquer sinal de rebelião e servindo-se do apoio de grupos influentes na região. Inicia-se mais um longo período de subjugação. Mas também nascem inúmeras manifestações e movimentos que mostram um povo nada resignado. Pelo contrário, sua voz e seus anseios se expressaram das mais variadas formas. Por outro lado, em Israel existiam vários grupos políticos e religiosos, entre as elites e no meio do povo. Considere-se ainda a dispersão de comunidades israelitas por várias regiões dominadas pelo império. Nesse cenário complexo e conflitivo nasce Jesus, são dados os primeiros passos do cristianismo e se produzem os escritos que formarão o Novo Testamento. É preciso levar em conta esse ambiente, para uma boa compreensão da mensagem que tais escritos comunicam, e também do testemunho que por meio deles os primeiros grupos seguidores de Jesus nos transmitiram. Afinal de contas, os evangelhos, ao anunciar a pessoa e a mensagem de Jesus, o apresentam como Filho de Deus encarnado, vivendo numa terra e época distantes das nossas, e marcado por uma sociedade diferente.  

 

  1. 1.               A violenta "paz romana"

"Se você quer a paz, prepare a guerra". Este provérbio revelava bem o clima implantado em todos os cantos onde os romanos iam impondo seu domínio. Tratava-se de estabelecer a submissão a qualquer custo. A violência política e militar era a marca desses tempos. Multidões de assassinados e escravizados resultavam do terrorismo que Roma exercia sobre as nações que ia conquistando, ajudada pelos poderes locais. Em Israel, um fiel aliado de Roma foi Herodes, que tinha o título de "rei dos judeus". Ele é apresentado pelo Evangelho segundo Mateus como assassino frio, inescrupuloso (2,13-18), em contornos semelhantes aos do faraó do Egito no episódio do êxodo. O historiador judeu Flávio Josefo nascido poucos anos após a crucificação de Jesus, narra com detalhes como o poder de Herodes, que reinou de 37 a 4 a.C, foi exercido com muitas manifestações de violência contra o povo e suas lideranças.   

 

Entre outras coisas, expulsou boa parte da população de suas terras e as entregou a lideranças importantes do império, em troca de apoio político. Em consequência do êxodo rural daí surgido, mandou restaurar o Templo de Jerusalém, além de se envolver na construção de outras grandes obras, com isso permitindo ocupação para essa massa de desempregados. Depois da morte de Herodes, o poder foi dividido entre seus filhos, mas logo a Judeia e a Samaria depois a Galileia passaram para o domínio direto dos romanos, através de procura dores que deviam responder diretamente à autoridade central do império. Pôncio Pilatos, o responsável por condenar Jesus a morte de cruz, era um desses procuradores. No tempo de Jesus, a Galileia ainda em governada por Herodes Antipas, um dos filhos de Herodes.   

 

O domínio romano se sustentava na estrutura de cobrança de impostos. Nela se encontra o elemento fundamental para se entender a situação de pobreza em que vivia o povo no tempo de Jesus. Pelos Atos dos Apóstolos (5,37), ficamos sabendo de um protesto da população contra o recenseamento que os romanos ordenaram fazer, realizado exatamente em vista da arrecadação de impostos. A Judeia sozinha devia pagar anualmente a Roma 600 talentos (seis milhões de denários, que corresponde a seis milhões de dias de trabalho). Esses impostos romanos eram de vários tipos: sobre os produtos do campo pagos em parte em produto e parte em dinheiro; sobre as pessoas, com várias taxas, uma relativa à propriedade, que variava de pessoa a pessoa, e uma taxa pessoal, igual para todos, incluindo mulheres e escravos (que eram considerados posse), isentando apenas crianças e anciãos. Havia também impostos cobrados sobre a circulação de mercadorias, recolhidos em fronteiras, em barreiras na entrada de cidades, e como pedágio em pontes e encruzilhadas. Parte dos impostos indiretos era arrecadada pelos '"publicanos", como soma anual fixa por distrito. Seus chefes costumavam sobrecarregar arbitrariamente os contribuintes para que a arrecadação ultrapassasse a soma arrendada e se convertesse em ganho pessoal (cf. o caso de Zaqueu, em Lc 19,1-10). Os publicanos eram por isso odiados pelo povo. Havia ainda os impostos próprios de Israel: além do destinado ao Templo, para manutenção do santuário e dos sacerdotes, havia outros, em forma de dízimo ou décima parte, cobrados sobre os produtos da terra e sobre o gado.   

 

Ainda há mais. Com a presença romana se agravou a situação das famílias camponesas. O processo de concentração de terras acelerou-se. As parábolas de Jesus permitem perceber muitos aspectos da difícil luta do povo pela sobrevivência, devido às condições muito precárias. Era crescente o número de pessoas endividadas que perdiam as heranças, juntando-se aos que, sem posses, procuravam sobreviver arrendando terras como meeiros.   

 

Assim, na sociedade israelita da época, era pequena a classe rica e poderosa: os príncipes e membros da família real de Herodes, os grandes da corte e as famílias poderosas de sacerdotes, de grandes proprietários, de comerciantes maiores e de cobradores de impostos. A reduzida classe média praticamente só existia em Jerusalém, porque vivia em função do Templo e dos peregrinos: pequenos comerciantes e artesãos, de hospedarias e sacerdotes de categoria inferior. A classe pobre era a grande maioria da população, formada por trabalhadores assalariados, pescadores, escravos e muitos mendigos. O número de escravos não era tão alto: eles estavam basicamente nas cidades, no serviço dos ricos e da corte de Herodes. No entanto, muitos tentavam sobreviver como diaristas, recebendo um denário por dia e alimentação, em época de grande desemprego no campo. Os numerosos mendigos sobreviviam com esmolas e se concentravam principalmente em Jerusalém. O grande abismo entre ricos e pobres dava a estes poucas possibilidades de mudança significativa nas condições de sobrevivência.  

 

Os romanos chamavam de "paz" a esta situação que impunham sobre os povos dominados. A "pax romana" era construída por guerras e massacres, garantida pela escravização dos milhares de vencidos, sustentada pela estrutura econômica, pelos saques e pela imposição de uma justiça que só beneficiava os vencedores. O nascimento e principalmente a coroação do imperador eram apresentados pela propaganda oficial como certeza de melhores dias, como “evangelho”, ou boa notícia. Veja-se o que diz uma inscrição encontrada há algum tempo, a respeito do nascimento de César Augusto, imperador na época em que nasceu Jesus: "Cada um pode, com razão, considerar esse evento como origem de sua vida e existência, como tempo a partir do qual já não nos devemos lastimar de ter nascido". 

  

Um pouco adiante: “Providência suscitou e adornou maravilhosamente a vida humana, dando-nos Augusto... tornando-o benfeitor dos homens, nosso salvador, para nós e para aqueles que vierem depois de nós... O dia do nascimento do deus [Augusto] foi, para o mundo, o começo das boas notícias [evangelhos!] recebidas graças a ele..." Finalmente, Augusto é apresentado como aquele "que fez cessar as guerras e colocará tudo em ordem". Como diz Horácio, poeta romano de alguns anos antes de Jesus: "Movido por nossas orações, [o deus Apoio] desviará do povo e do príncipe César, para os persas e bretões, a guerra cheia de lágrimas, a fome lastimável e a peste". Persas e bretões são inimigos que os romanos têm nas fronteiras do império: a destruição deles é, para o poeta, a certeza da paz de Roma e dos romanos. 

 

O Novo Testamento resulta do testemunho de pessoas convencidas de que o Evangelho que dá sentido a suas vidas tem outra origem e outra destinação: a paz doada por Jesus é de outra ordem (Jo 14,27).  

  

  1. 2.               Resistências   

Mesmo com toda a violência que os romanos utilizavam para reprimir qualquer sinal de protesto, a resistência à dominação se manifestou de muitas formas. Tais manifestações foram inúmeras e intensas, particularmente no meio do povo de Israel, em defesa da própria cultura tradições e religião. Josefo informa, por exemplo, que Calígula (rei entre 37 e 41 d.C), achando que os judeus não o respeitavam, mandou colocar no Templo de Jerusalém uma estátua do deus romano Júpiter, com a fisionomia do imperador. Milhares de pessoas reagiram para impedir que isso acontecesse. Sofreriam o martírio, se necessário: “antes morrer que violar nossas leis", diziam. A estátua só não foi colocada porque chegou logo a notícia do assassinato do imperador. Ainda antes, o emissário, que temia avançar no cumprimento da determinação imperial, tinha recebido a ordem de se suicidar. Isso ocorreu cerca de dez anos depois de Pilatos ter ordenado a crucificação de Jesus.  

 

O mesmo Josefo comenta inúmeros movimentos populares que se expressavam como formas de resistência e busca de alternativas para a delicada situação. Alguns reagiam aos abusivos impostos cobrados pelos romanos; outros saqueavam mansões e palácios, celeiros e fortalezas; profetas conduziam o povo, recordando as ações libertadoras de Moisés, Josué e Elias, anunciando o fim da Jerusalém corrompida e de seus grupos dirigentes, bem como a recriação do êxodo libertador; diversos messias apareceram, recuperando a memória de Davi e Salomão, e proclamando-se "rei dos judeus", convocando o povo a expulsar o invasor da terra abençoada. Outras lideranças se dedicavam a atividades curandeiras, sensíveis que eram às dores do povo. E a repressão romana, em quase todos esses casos, agiu com a brutalidade que a caracterizava.  

 

Muitas vezes, tais manifestações da violência imperial aconteceram na época das festividades religiosas, especialmente na comemoração da Páscoa, que fazia memória da libertação diante da opressão do Egito. Josefo informa sobre milhares de mortos em mais de uma dessas celebrações reprimidas. Porém os momentos mais trágicos dessa história se deram quando da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C e foi o fato decisivo, inclusive para se compreender o processo de separação dos seguidores e seguidoras de Jesus diante do judaísmo, que se viu forçado a se reorganizar depois da catástrofe.   

 

A destruição de Jerusalém foi o episódio mais importante de uma guerra que opôs grande parte da população judaica aos romanos, durante cerca de oito anos. O massacre na Cidade Santa foi generalizado: centenas de zelotas foram mortos ao tentarem impedir que o Templo fosse profanado pelos invasores. Josefo descreve uma cena terrível, quando finalmente os romanos conseguiram entrar na cidade: os fugitivos, ao serem capturados, eram "açoitados cruelmente depois da peleja e, atormentados de muitas formas antes de morrer, eram finalmente pregados numa cruz diante da muralha". Eram cerca de quinhentos por dia: "os soldados romanos crucificavam os judeus de diversas formas; com ira e com ódio, faziam-lhes muitas injúrias; já haviam crucificado tanta gente, que faltava lugar para pôr as cruzes, e ainda faltavam cruzes para tantos presos". Essa guerra teve início em 66 e foi além da destruição de Jerusalém. O último grupo cedeu apenas em 73, na fortaleza de Massada, perto do mar Morto, preferindo suicidar-se a ter de se submeter. Outra guerra dos judeus contra os romanos termina em 135 d.C; com a destruição definitiva de Jerusalém e uma última dispersão dos judeus pelo mundo.  

 

  1. 3.    Grupos políticos e correntes religiosas em Israel   

Essas guerras foram apenas a explosão de um estado de coisas que se vinha agravando desde pelo menos os tempos de Herodes, ainda antes do nascimento de Jesus. Mas, na época em que surgiram Jesus e o cristianismo, a terra de Israel estava marcada pela ação de outros grupos organizados, alguns mais atuantes, outros menos; uns com grande poder junto aos romanos, outros com maior penetração popular.  

 

Os saduceus, por exemplo, situavam-se no interior dos grupos dirigentes e dos grandes proprietários de terra (anciãos), e pelos membros da elite sacerdotal. Têm o poder na mão, e controlam a administração da justiça no Tribunal Supremo (Sinédrio). Embora não se relacionem diretamente com o povo, são intransigentes em relação a ele, e vivem preocupados com a ordem pública. Eles são os maiores colaboradores do império romano, e tendem para uma política de conciliação, com medo de perder seus cargos e privilégios.   

 

No que se refere à religião, os sacerdotes pertencentes a esse grupo julgavam-se descendentes do sacerdote Sadoc, que vivera no tempo de Davi e Salomão e davam lugar especial à Torá de Moisés, o Pentateuco. São conservadores: aceitam apenas a lei escrita e rejeitam as novas concepções defendidas pelos doutores da Lei e fariseus (crença nos anjos, demônios, messianismo, ressurreição). Se as referências dos evangelhos aos "chefes dos sacerdotes" e "anciães" de Jerusalém são realmente alusões aos saduceus, então se pode suspeitar que eles de alguma forma terão participado do processo que culminaria na morte de Jesus. De toda forma, eles desaparecem no meio dos conflitos em Jerusalém, no contexto da guerra que haveria de destruir a cidade. Já os herodianos (cf Mc 3,6;  12,13) constituíam um grupo de funcionários de Herodes Antipas, o responsável pela morte de João Batista e por algumas ameaças a Jesus (Lc 13,31s). Embora não formem um grupo social, concretizam a dependência dos judeus aos romanos. Conservadores por excelência têm o poder civil da Galiléia nas mãos. Fortes opositores dos zelotas, vivem preocupados em capturar agitadores políticos na Galiléia.   

 

Os fariseus (palavra que quer dizer ''separados") formavam um grupo bem mais numeroso. Eram provavelmente os continuadores de um grupo denominado "assideus" (os "piedosos"), mencionado em lMc 2,42, formado por pessoas bastante dedicadas à observância da Torá de Moisés. Inicialmente aliados à elite sacerdotal e aos grandes proprietários de terras, os fariseus deles se afastam para dirigir o povo, embora mantenham distância do povo mais simples (que não conhece a Lei). São nacionalistas e hostis ao império romano, mas sua resistência é do tipo passivo.  

 

Com efeito, o que caracteriza os fariseus é sua dedicada atenção aos detalhes da Lei mosaica, bem como às tradições dos antepassados: era preciso a todo custo estar entre os justos, e não ao lado dos pecadores. O grupo dos fariseus é formado por leigos provindos de todas as camadas da sociedade, principalmente artesãos e pequenos comerciantes. A maioria do clero pobre, que se opõe à elite sacerdotal, também começa a pertencer a esse grupo.   

 

No terreno religioso, os fariseus se caracterizam pelo rigoroso cumprimento da Lei em todos os campos e situações da vida diária. São conservadores zelosos e também criadores de novas tradições, através da interpretação da Lei para o momento histórico em que vivem. A maior expressão do farisaísmo é a criação da sinagoga, opondo-se ao Templo, dominado pelos saduceus. Desse modo a sinagoga, com a leitura, interpretação dos textos bíblicos e oração, torna-se expressão religiosa oposta ao sistema cultual e sacrifical do Templo.   

 

Os fariseus acreditam na predestinação, na ressurreição e no messianismo. Esperam um messias político-espiritual, cuja função será precipitar o fim dos tempos e a libertação de Israel. Esse de messias será alguém da descendência de Davi. E, para os fariseus, a estrita observância da Lei, a oração e o jejum provocarão a vinda do Messias. Os fariseus e os doutores da Lei simpatizam-se, a ponto de muitos doutores da Lei serem também fariseus. Eram muito populares, e exerciam liderança nas inúmeras sinagogas espalhadas por Israel. Paulo, o principal missionário cristão do séc. I, aprofundou-se na fé judaica em roteiros indicados por fariseus. Depois da destruição de Jerusalém, eles terão papel importante na reconstrução da vida social e religiosa de Israel.   

 

Também os essênios, outro grupo organizado, poderiam ser descendentes dos "assideus". Eles se tornaram mais conhecidos a partir da descoberta de documentos em grutas perto do mar Morto, em 1947, revelando preciosidades do mundo social, político e religioso do tempo de Jesus. O grupo é resultado de fusão entre sacerdotes dissidentes do clero de Jerusalém e de leigos exilados. Na época de Jesus, vivem em comunidades com estilo de vida bastante severo, caracterizado pelo sacerdócio e hierarquia, legalismo rigoroso, espiritualidade apocalíptica e a pretensão de ser o verdadeiro povo de Deus. Em muitos pontos assemelham-se aos fariseus, mas estão em ruptura radical com o judaísmo oficial. Tendo deixado Jerusalém, dirigem-se para regiões de grutas, para aí viverem ideal "monástico", pois considerava que o culto e o Templo de Jerusalém estavam em condição de ilegitimidade e impureza. Levam vida em comum, onde os bens são divididos entre todos, há obrigação de trabalhar com as próprias mãos, o comércio é proibido, assim como o derramamento de sangue, mesmo em forma de sacrifícios. A organização da comunidade lembra muito a das ordens religiosas cristãs: condições severas para a admissão, tempo de noviciado, governo hierárquico, disciplina severa, rituais de purificação, ceias sagradas comunitárias.  Esperam um messias chamado Mestre da Justiça, que organizará a guerra santa para exterminar os ímpios e estabelecer o reino eterno dos justos.  

 

Ao menos os essênios dessa comunidade dedicavam-se ao estudo da Torá e à sua observância cuidadosa, e o estilo de vida aí era muito severo. Seus cultos substituíam os de Jerusalém. Tanto essênios como fariseus apostavam na vinda do Messias, expectativa não compartilhada pelos saduceus. As compreensões a respeito de qual seria o perfil desse Messias variavam de acordo com o grupo e com seu entendimento das tradições da Escritura a esse respeito. Os essênios o aguardavam como o "Mestre da justiça".  No interior desses vários grupos, e também fora, havia os escribas, isto é, eruditos conhecedores da Escritura, capazes de copiá-la e/ou explicá-la. Conheciam o direito e se dedicavam ao ensino. Também os encontramos em atividades administrativas.   

 

O maior-poder em Jerusalém estava nas mãos do sumo sacerdote, que presidia o Sinédrio, o Grande Conselho dos judeus. Formado por 71 membros, era um tipo de tribunal que decidia as questões políticas, religiosas e criminais do povo judeu, de acordo com a Lei judaica. Era formado de sacerdotes, anciãos e escribas. Além do Sinédrio, havia em cada cidade um conselho local, e em cada povoado um conselho de anciãos, ambos funcionando nas sinagogas. Quando entravam em jogo interesses romanos, geralmente por questões políticas, o representante do império era quem decidia.   

 

É preciso mencionar ainda os samaritanos, habitantes da Samaria, região central de Israel. Sua relação com os judeus era problemática (cf Jo 4,9). São considerados pelos judeus como raça impura por serem descendentes de população misturada com estrangeiros (cf. 2Rs 17,24). Observam escrupulosamente as prescrições do Pentateuco, mas não aceitam os outros escritos do Antigo Testamento, nem frequentam o Templo de Jerusalém. Para eles, o único lugar legítimo de culto é o monte Garizim, que fica perto de Siquém, na Samaria. O templo de Garizim foi destruído por um rei de Jerusalém, em 128 a.C., mas a gente samaritana continuava a subir a montanha que considerava sagrada, para aí cultuar a Javé. Esperam o messias chamado Taeb (= aquele que volta). Esse messias não é descendente de Davi, e sim novo Moisés, que vai revelar a verdade e colocar tudo em ordem no final dos tempos (cf Jo 4,25). Em 67 d. C., numerosos samaritanos, foram massacrados pelos romanos no alto do Garizim.  

 

O quadro que acabamos de desenhar vale principalmente para os anos anteriores à guerra contra os romanos entre 66 e 73. Depois dela, o quadro se modifica substancialmente. Na prática, todos os grupos desaparecem, com exceção de notável parte dos fariseus. Jesus viveu e o cristianismo nasceu antes dessa guerra. Mas só depois dela é que os evangelhos são escritos (com exceção, talvez, do Evangelho segundo Marcos). Entre lideranças judaicas dessa época e grupos seguidores de Jesus, tensões tenderão a se agravar, o que se reflete, por exemplo, nos evangelhos segundo Mateus e João.    

  

  1. 4.          As instituições religiosas em Israel   

No contexto religioso em que Jesus viveu, existiam duas instituições fundamentais: a sinagoga e o Templo. A sinagoga (palavra que significa "reunião") era o local onde se realizavam os encontros aos sábados, quando os letrados (quase sempre fariseus) instruíam o povo na Lei e nas tradições de Israel. Toda comunidade judaica tinha sua sinagoga, que costumava ser construída fora da cidade, perto da margem de um rio ou junto ao mar, para permitir a todos o rito das abluções. Fora dos sábados, a sinagoga funcionava como escola para crianças e jovens. Além de ser local de oração e estudo da Escritura, aí se discutiam os assuntos da comunidade, que eram julgados pelo conselho de anciãos. Mas no tempo de Jesus era muito comum que a sinagoga representasse um espaço de reunião da comunidade, e não tanto uma construção específica.  

 

O chefe da sinagoga era eleito provavelmente entre os anciãos. A oração de sábado tinha o seguinte esquema: recitação do "Escuta, Israel" (Dt 6,4-9), oração, leitura da Lei e dos Profetas, pregação sobre as leituras e bênção. A sinagoga era de fundamental importância para a vida de Israel. Sobretudo por meio do ensinamento dos fariseus, os judeus eram formados na religião e nos assuntos da vida social, desde aprender a ler e escrever, até o estudo aprofundado da Lei. Havia também muitas sinagogas fora da terra de Israel. Nelas se reuniam os filhos do povo que há muito viviam espalhados em numerosas outras cidades e regiões do império romano. 

 

O Templo que Jesus encontrou em Jerusalém era esplendoroso. Sua reconstrução havia começado no ano 20 a. C, por ordem de Herodes, e durou até cerca de 64 d.C. Para os judeus, o Templo de Jerusalém era o lugar onde Deus habitava. Aí se celebrava o culto diário, com o sacrifício público de dois animais, um pela manhã e outro pela tarde, além dos sacrifícios privados. Nas grandes festas (Páscoa, Pentecostes e Tendas ou Tabernáculos), o culto no Templo chegava ao auge, pois todos os judeus, a partir dos treze anos, deviam peregrinar até ele e participar das festas. Os maiores de vinte anos, também os que moravam fora da terra de Israel, tinham de pagar para o Templo o imposto anual, equivalente a dois dias de trabalho (dois denários, cf Mt 17,24).  

 

O Templo, de fato, se sustentava com esses impostos. Um mês antes da Páscoa, por exemplo, instalavam-se por todo o país as mesas dos cobradores, e dez dias depois elas se espalhavam também pelo Templo, com o objetivo de recolher os impostos, que deviam ser pagos em moeda legítima (sem a figura do imperador) impostos pagos em outras moedas tinham acréscimo de dois por cento, cobrado pelos cambistas, que viviam da troca de moedas para o Templo. Também se permitia a troca da quantia do imposto por moedas de ouro. O Templo recebia ainda a prata pelo resgate de primogênitos e pelos votos ou promessas, além do dízimo dos frutos da terra e outros, sem contar os donativos e esmolas abundantes de pessoas ricas. O comércio de animais para o sacrifício também rendia recursos.

   

O Tesouro do Templo funcionava como o maior banco da época, pois guardava o dinheiro dos impostos, bem' como os bens que a elite de Jerusalém aí depositava, como o valor de propriedades urbanas e campos. Os sumos sacerdotes, além de serem os responsáveis pelo centro da religião e da política interna de Israel, eram assim administradores de uma grande empresa econômica, que controlava a vida dos judeus servindo aos interesses da dominação romana e aos próprios. Também por isso Jesus mantinha atitude crítica em relação ao Templo de Jerusalém, que de casa de oração se havia transformado em abrigo de ladrões (cf Mc 11,15-18).   

  

  1. 5.      Fora de Israel   

É importante ainda considerar que havia mais israelitas fora de sua terra, espalhados em várias cidades e regiões, do que dentro dela. Viviam, como se dizia então, na "diáspora", ou seja, na dispersão. Esses grupos há bom tempo estavam em contato com outras culturas, particularmente a grega, manifestada de muitas formas, como língua e costumes. E já vinha de muito tempo a simpatia que a vivência da fé provocava em pessoas e grupos das cidades onde os filhos de Israel se encontravam inseridos, a ponto de tais simpatizantes serem conhecidos como "tementes a Deus"; embora sem aderir plenamente à religião judaica celebrada na sinagoga, reconheciam e valorizavam o culto ao Deus único e os apelos à justiça e à solidariedade surgidos da Lei mosaica. É nesse contexto, marcado por judeus e gente simpatizante da religião do Deus de Israel, que surgirão assembleias de Jesus Cristo crucificado, ressuscitado por Deus, em quem todos são uma só coisa e todas as hierarquias e divisões entre os humanos perdem sua razão de ser (cf Cl 3,28). Efetivamente, sem se levar em conta o ambiente, fica impossível compreender a atividade de Paulo e o Significado dos problemas que ele discute em suas cartas, dirigidas às assembleias que foi estabelecendo por onde passava, na Crécia e Ásia Menor. Esse é também o ambiente em que floresceram as comunidades que receberam o livro do Apocalipse (Ap 2-3).  Na verdade, a grande maioria dos escritos que formam o Novo Testamento surgiu de comunidades formadas a partir da diáspora, com gente que simpatizava com a herança de Israel.   

  

  1. 6.    O Reino de Deus está chegando   

Setores significativos da vida social e religiosa de Israel estavam marcados por uma concepção da vida e do mundo que se costuma denominar "apocaliptica". Concepção alimentada de comunicações que se acreditavam vindas do alto para proporcionar aos fiéis um contato com o divino, com sua majestade e seus desígnios para o mundo. Geralmente, as mensagens apocalípticas carregavam indicações sobre o fim próximo dos tempos, que encerraria a realidade atual, marcada pela cisão entre Deus e Satanás, anjos e diabos, os santos de Javé e os homens de Belial. Os caps. 2 e 7-12 do livro de Daniel são as primeiras expressões claramente apocalípticas que se encontram nas Escrituras. Conceitos como "Reino de Deus", tão marcante na pregação de Jesus, derivam desse universo. A esperança da ressurreição e a vinda do Filho do Homem como juiz da humanidade também se inspiram em textos como de Daniel e outros. A visão apocalíptica do mundo, e as experiências religiosas que se deram nesse contexto, são fatores decisivos para se compreender o surgimento do cristianismo. Jesus viveu e atuou em ambiente profundamente marcado por essas vivências e esperanças. Figuras como as de João Batista e de Paulo não podem ser entendidas adequadamente sem esse pano de fundo apocalíptico.   

  

  1. 7.            O Novo Testamento   

Jesus nada escreveu, mas sua rápida atividade, brutalmente interrompida pela cruz dos romanos, impactou profundamente a vida das pessoas que se convenceram da relevância de suas palavras, da gratuidade de seus gestos em favor dos pobres e doentes, e creram que ele teve seu caminho confirmado por Deus, ao ressuscitá-lo dos mortos. A continuidade desse projeto, inspirado pelo Espírito, o levou a inúmeros lugares e regiões, onde as memórias a respeito do profeta de Nazaré, a Palavra de Deus feita carne, foram comunicadas, postas na vida e celebradas.   

 

Dessas experiências emergiram vários registros escritos, colhendo memórias de palavras e ações de Jesus, indicando caminhos a seguir, refletindo sobre o lugar de Jesus na história humana e nos desígnios de Deus. O Novo Testamento, ou Nova Aliança, é um conjunto de textos, escolhi- dos entre tantos que circulavam em meio às primeiras comunidades seguidoras de Jesus. Textos que trazem o anúncio da pessoa de Jesus: o que ele fez e falou, o que fizeram e falaram os que com ele conviveram, e também a experiência das primeiras comunidades que se iam formando e, em meio a vários conflitos, compreendendo a nova aliança inaugurada nele. Aliança com toda a humanidade, recriada pelo Cristo e agora chamada a construir relações de fraternidade e a comprometer-se com a vida plena e digna para todos: nele já não existe distinção entre judeus e gregos, escravos e livre, homem e mulher (Gal 3,28).

 

Assim sendo, estamos diante de testemunhos primordiais a respeito de como pessoas e grupos, ao tomarem contato com a pessoa de Jesus, e depois com as memórias de suas palavras e ações, o reconheceram como o definitivo enviado de Deus e se comprometeram com ele, bem como com o caminho de vida e libertação que ele com sua prática apontava. Esse reconhecimento se fez de diversas formas, a partir das Escrituras judaicas e dos elementos da cultura de cada local e região aonde a mensagem evangélica foi chegando. Para dinamizar a vida das comunidades que se iam formando, em Israel e fora, é que se foram produzindo os escritos que hoje formam o Novo Testamento.

 

Paulo é o primeiro missionário de Jesus de quem conhecemos os textos. São cartas (ou epístolas), escritas ao longo dos anos 50 do séc. I de nossa era, entre vinte e trinta anos após a morte de Jesus. Elas formam parte da intensa atividade de Paulo junto a comunidades que ele foi estabelecendo, para enfrentar problemas, dar orientações, superar desavenças. Em todas as cartas, a certeza de que o anúncio do Cristo morto e ressuscitado é poderoso para dar novos rumos à existência e criar novas formas de convivência entre os seres humanos, em antecipação ao Reino de Deus que está por vir. Outros líderes também se serviram de cartas para animar as comunidades que se viam desafiadas a testemunhar o Cristo em ambientes variados do império romano, diante dos desafios novos que iam surgindo.   

 

Já os Evangelhos começaram a ser escritos um pouco mais tarde, por volta do ano 70. Eles têm estrutura narrativa, mas não são meras biografias. São principalmente quatro apresentações sobre Jesus a comunidades que buscavam inspirar-se na trajetória dele para definir o próprio rumo e opções diante dos desafios que a realidade lhes ia apresentando. Afinal, evangelho quer dizer "boa notícia". Cada um dos quatro evangelhos narra a boa notícia de Jesus, sua vida e missão, a partir das histórias que as comunidades recordavam da vida do Mestre e transmitiam de boca em boca. O objetivo não era mostrar os fatos exatamente Assim sendo estamos diante de testemunhos primordiais a respeito de pessoas e grupos ao tomarem contato como haviam acontecido, e sim manter viva, também para o futuro, a lembrança das ações e palavras de Jesus, de modo que a vida continuasse sendo iluminada por elas. Cada Evangelho foi escrito em vista de determinado público, em tempo e espaço diversos. Daí encontrarmos semelhanças e diferenças, quando comparamos os relatos (os três primeiros são tão parecidos que se denominam "evangelhos sinóticos"). Nos quatro casos, porém, a mesma motivação: fazer do caminho trilhado por Jesus o caminho da comunidade. No Evangelho segundo Lucas, essa ligação entre Jesus e as comunidades fica ainda mais evidente, tanto que vem acompanhado dos Atos dos Apóstolos, livro em que se narram alguns dos primeiros passos do cristianismo, desde Jerusalém até Roma, no sentido de comunicar a boa notícia trazida por Jesus a todos os seres humanos, e convidá-los a assumir e construir uma nova história, transformando radicalmente os modos de viver na sociedade.   

 

Também o Apocalipse de João é endereçado a comunidades (no total sete), com o propósito de animá-las a confiar que no Cristo ressuscitado está a certeza da vitória. Assim, buscarão resistir às hostilidades e perseguições, e não se acomodarão aos esquemas, valores e práticas da vida convencional. Em linguagem que nos traz não poucas dificuldades, com imagens e símbolos do universo cultural da época (especialmente das Escrituras de Israel), o Apocalipse oferece amplo olhar sobre o passado e o presente, apontando a meta: no final, e acima de tudo, está o Cristo, a quem Deus entregou as chaves do livro da história. Trata-se de um livro de profecia, que convida a resistir diante das situações de morte, a denunciar e destruir o mal para anunciar e construir o bem.   

 

Enfim, todo o Novo Testamento expressa o rosto com que lideranças da igreja cristã, em suas origens, pretendiam que ela fosse vista pelas gerações seguintes. Esse intento foi alcançado, indiscutivelmente. Nessa coletânea, como farol, brilha Jesus, a Palavra de Deus feita carne, crucificado pelo império e ressuscitado por Deus. E, como grande anunciador de Jesus, emerge a figura de Paulo, o abridor de horizontes, que apresenta o evangelho como proposta de vida e salvação para toda a humanidade.  

 

Com sua atividade em palavras e ações, Jesus selou uma nova aliança com a humanidade, ao propor que o Reino de Deus seja buscado, e que os valores de justiça e fraternidade, marcas do Reino, se tornem realidade no interior da convivência humana. Jesus viveu no Israel do séc. I, e o cristianismo se espalhou por várias regiões no mesmo século, quando o expansionismo militar dos romanos estava próximo de alcançar suas maiores fronteiras. É preciso não perder de vista esse pano de fundo, que tem na cruz de Jesus a expressão mais significativa, por conta da violência terrível que a cruz carrega. A atividade de Jesus e a vivência que ele inspirou nas primeiras gerações, que ousaram comprometer-se com ele e com seu anúncio do Reino de Deus, produziram impacto profundo no contexto da época. E necessário levar isso em conta para podermos, na leitura dos textos do Novo Testamento, discernir adequadamente os desafios que o seguimento de Jesus coloca em nossa realidade atual. E para que se possa, nos termos do apóstolo Paulo, assumir "os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus", o qual "esvaziou-se a si mesmo e tomou a forma de servo" (Fl 2, 5.7).

 

Para saber mais acesse: http://xacute1.com/?p=776

 

Perguntas  

  1. Por que você acha importante conhecer, COMO FUNCIONAVA A SOCIEDADE NO TEMPO DE JESUS?    

 

  1. Quais as características mais importantes da terra (país) de Jesus?